"Umbanda é coisa séria para gente séria". Umbanda, sendo a única religião criada no Brasil, não pode ser dividida. Quem tiver esta pretensão cairá no ridículo. A nossa religião deve ser tratada com todo carinho, amor, serenidade e estudo, sobretudo com a renovação de caráter dos que a professam para que a mesma possa espelhar a grandeza de sua doutrina.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O axé das ervas.

Eis um grande fundamento, fonte de poder e axé dentro da nossa Umbanda. As ervas estão presentes em quase tudo, o que fazemos religiosamente na Umbanda desde uma defumação até coroações e amacis. Nos cultos de nação ou Candomblés o dono do segredo das folhas é Ossain, a seguir lhes contarei uma lenda sobre esse Orixá na visão do Candomblé.


Ossain, filho de Nanã e irmão de Oxumare, Ewá e Obaluayê, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o Orixá que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os Orixás recorriam a Ossanin para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Ossain na luta contra a doença. Todos iam à casa de Ossain oferecer seus sacrifícios. Em troca ele lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens.

Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.

Um dia Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todos os Orixás deveriam compartilhar o poder de Ossain, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura.

Xangô sentenciou que Ossain dividisse suas folhas com os outros Orixás. Mas Ossain negou-se a dividir suas folhas com os outros Orixás. Xangô então ordenou que Yansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossain para que fossem distribuídas aos Orixás. Yansã fez o que Xangô determinou. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô. Ossain percebeu o que estava acontecendo e gritou:

- "Euê Uassá!". "As folhas funcionam!"

Ossain ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Ossain. Quase todas as folhas retornaram para Ossain. As que já estavam em poder de Xangô perderam o Axé, perderam o poder da cura.

O Orixá Rei, que era um Orixá justo, admitiu a vitória de Ossain. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossain e que assim devia permanecer através dos séculos. Ossain, contudo, deu uma folha para cada Orixá, deu uma euê para cada um deles.

Cada folha com seus axés e seus efós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. Ossain distribuiu as folhas aos Orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossain não conta seus segredos para ninguém, Ossain nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orixás ficaram gratos a Ossain e sempre o reverenciam quando usam as folhas.

Essa é uma das lendas mais interessantes que conheço sobre esse Orixá, não cultuado na Umbanda mas muito reverenciado, cultuado e respeitado nos Candomblés brasileiros, costuma-se dizer nas roças que sem folha não se faz Orixá, na Umbanda podemos dizer que realmente é quase imprescindível a presença das ervas em nossa liturgia.

Na Umbanda o Axé vegetal é regido por Pai Oxossi e Mãe Obá, onde Pai Oxossi rege as folhas, caules e frutos e Mãe Obá as raizes.

As ervas tem o poder de limpar e equilibrar nossos corpos astrais nos preparando para os trabalhos religiosos, bem como tem o poder de nos curar e proteger.

É de tradição popular se receitar um chá de boldo ou caqueja para quem está com problemas de má digestão ou de fígado, tomar chá de camomila para acalmar, entre outras receitas do conhecimento popular, que se fossemos listar aqui ficaria uma lista imensa e incompleta.

Eis aí uma forma muito comum de nossos guias indicarem o uso de ervas em benefício de nossos próximos, chás.

Outra forma muito tradicional de se utilizar as ervas é o banho. Os banhos em geral são feitos para limpeza, equilíbrio ou proteção, em geral os guias indicam 1, 2, 3 ou 7 servas, em casos mais específicos 9, 21 ervas.

O Amaci é um preparo feito para a lavagem de coroa dos médiuns em consagrações, são feitos com ervas e a água do Orixá onde descansam por alguns dias.

As defumações quando indicadas por entidades também obedecem o mesmo critério dos banhos, quanto ao número de ervas a serem empregas. É importante que estejam secas de forma adequada e que o braseiro esteja bem acesso, as brasas devem estar em um vermelho intenso para que não se corra o risco de apagarem antes do fim da defumação.

Fonte de pesquisa da Lenda: http://www.casadeoya.com.br/orixas_ossainlendas.htm

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