"Umbanda é coisa séria para gente séria". Umbanda, sendo a única religião criada no Brasil, não pode ser dividida. Quem tiver esta pretensão cairá no ridículo. A nossa religião deve ser tratada com todo carinho, amor, serenidade e estudo, sobretudo com a renovação de caráter dos que a professam para que a mesma possa espelhar a grandeza de sua doutrina.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Os Orixás e os Quatro Elementos


O PODER DA TERRA

A Terra corresponde à figura da “Grande Mãe”, sentida ao mesmo tempo como fonte de vida e de ameaças, pois dela provém os seres vivos e é para ela que estes retornam. É também chamada de princípio passivo ou feminino e, segundo os mitos sobre o surgimento do mundo, foi o Céu que fecundou a Terra.

Não poderíamos existir da forma que somos sem a Terra, o nosso planeta é simplesmente uma manifestação deste elemento. A verdadeira energia da Terra existe também dentro de nós e em todo o universo.

No candomblé a Terra e os seus elementos são essencialmente associados aos Orixás: Ogum, Omolú, Nanã, Oxóssi e Ossain, que enfatizam questões sobre ecologia, saúde e a casa.

Ogum: é o lado masculino da Terra e tem uma personalidade impaciente, obstinada e agressiva. É considerado o deus da guerra e da tecnologia, sabendo trabalhar o metal para a fabricação de máquinas e armas.

Omolú: representa os aspectos negativos da vida e tem uma personalidade tímida e vingativa. É considerado o deus das epidemias e das doenças da pele, conhecendo os mistérios da morte, do renascimento e da cura. É considerado o médico dos pobres.

Nanã: representa o poder autoritário e rigoroso de um orixá considerado o mais velho de todos. Tem uma personalidade vingativa e mascarada e é considerada a deusa da lama e dos pântanos. Está constantemente associada à fertilidade, às doenças e à morte.

Oxóssi: como “o rei das florestas” só admite a caça se for como alimento. Tem uma personalidade intuitiva e emotiva e é considerado o deus da caça e o protector dos animais. É o patrono do candomblé brasileiro.

Ossain: é o que tem o conhecimento dos segredos das florestas e plantas para fins curativos. Tem uma personalidade instável e emotiva e é considerado o deus das folhas e ervas medicinais, conhecendo seus poderes para a vida ou a morte.

O PODER DA ÁGUA

No candomblé a Água é essencialmente associada aos Orixás: Oxum, Oxumaré e Iemanjá que estão directamente ligados à saúde, física ou mental, à fertilidade e à abundância.

Oxum: representa o feminino passivo, o amor, a fecundação e a gravidez. Tem uma personalidade maternal, vaidosa e tranquila e é considerada a deusa das águas doces, do ouro e do jogo de búzios.

Oxumaré: representa o pacto entre os deuses e os homens sendo ao mesmo tempo de natureza masculina e feminina. Tem uma personalidade sensível e tranquila e é considerado o deus da chuva e do arco-íris, transportando a água entre o céu e a terra.

Iemanjá: é a “Grande Mãe” que devido ao seu amor e compreensão não vê os defeitos de seus filhos. Tem uma personalidade maternal, complacente e super protectora é considerada a deusa dos mares e oceanos, por ser a mãe de todos os orixás, simboliza a maternidade, inclusive acolhendo todas a crianças rejeitadas.

O PODER DO FOGO

No candomblé o Fogo é especialmente associado aos Orixás: Exú, Iansã e Xangô que estão relacionados com qualquer processo de transformação.

Exú: é o emissário responsável pela comunicação deste mundo com o mundo dos deuses. Tem uma personalidade atrevida, agressiva e temperamental e é considerado o guardião da porta da rua e das encruzilhadas, sendo que só através dele é possível invocar os outros orixás.

Iansã: ela é uma mulher activa, muitas vezes parecendo-se com as amazonas, e conhece as coisas difíceis da vida. Tem uma personalidade impulsiva, imprevisível e perspicaz e é considerada a deusa dos ventos e das tempestades, sendo a senhora dos raios. É também a dona da alma dos mortos.

Xangô: ele resolve as questões de justiça e não dá descanso aos que mentem, cometem crimes ou injustiças. Tem uma personalidade atrevida e prepotente e é considerado o deus do fogo e do trovão. É viril, violento e justiceiro, castigando os mentirosos e protegendo os advogados e juízes.

O PODER do Ar

O Ar é essencialmente associado ao Orixá Oxalá, embora outros Orixás pertençam a este elemento, que é geralmente envolvido com questões de ética e de bom carácter. Oxalá é o Orixá que trás em si o princípio simbólico de todas as coisas, sendo inabalável na sua autoridade e extremamente generoso na sua sabedoria. Tem uma personalidade equilibrada, tolerante, obstinada e independente e é considerado o deus da criação, pois criou os homens e gerou muitos Orixás. Pode ser representado de duas maneiras: Oxaguiã, quando ainda jovem ou Oxalufã, depois de velho.




domingo, 23 de agosto de 2009

A Mediunidade






Mediunidade é a ação consciente ou inconsciente dos seres encarnados. A Mediunidade pode ser dividida em dois grupos principais e distintos:

Mediunidade Psíquica ou Intuitiva: É aquela em que o médium, escuta palavras no cérebro e as escreve (ou transmite) de livre e espontânea vontade. Como na maioria das vezes, a transmissão é rápida demais. Há neste grupo de mediunidade a possibilidade de o médium escutar uma coisa e transmitir outra, ou melhor dizendo, escuta uma frase completa e dá-lhe sua própria interpretação, porém, na maior parte das vezes, contraria o sentido original do que foi recebido.

Mediunidade Somática ou Mecânica: É aquela em que o Espírito domina e utiliza parte do corpo do médium, ou o todo, independentemente e sem possibilidade de intervenção do mesmo.

Em ambos os grupos de Mediunidade acima mencionados, encontram-se os seguintes tipos de mediunidade, em ordem decrescente em grau:

Clarividência: É a atuação de uma vibração na mente do médium, descrevendo através dela quadros possíveis de acontecer, dependendo do fator TEMPO.

Vidência: É uma mentalização material, inata, podendo ver coisas materiais, passadas em outro local e/ou espirituais, de olhos abertos e de frente.

Psicografia: É a faculdade mediúnica de receber vibrações, que os fazem transcrever mensagens espirituais.

Audição: É aquela em que o médium ouve vozes, transmitindo as boas e más notícias.

Curadora: É a faculdade inata e esclarecedora da cura, através de conselhos, ervas, etc.

Passista: É a capacidade de movimentar vibrações através de passes para equilibrar e fortalecer as forças positivas e diminuir e também equilibrar, as forças negativas.

Incorporação: É a faculdade de entregar o seu corpo à vibração do plano astral, facilitando a comunhão do Espírito Comunicador com as vibrações materiais do seu corpo, para que, através do mesmo, seja dado o socorro, a ajuda, enfim o esclarecimento e tudo necessário aos eternos pedintes que somos.

Médium: É o intermediário entre o plano físico (ou material) e o plano espiritual. Levando-se em conta os sete tipos principais de Mediunidade, cremos que 80% dos médiuns existentes têm como classificação primordial a INCORPORAÇÃO, porquanto este orbe é um planeta presídio e de expiação de faltas Kármicas. Os 20% restantes estão proporcionalmente distribuídos entre os restantes tipos de Mediunidade. Fazem parte fundamentalmente do currículo do médium, que entende a sua missão, os seguintes requisitos voluntários:

1. HUMILDADE
2. OBEDIÊNCIA
3. FÉ
4. DESPRENDIMENTO
5. DISCERNIMENTO
6. PROPÓSITO
7. FIM


O Fim, é o aprimoramento que o médium procura em todos os outros quesitos, e é vislumbrado quando o Ser percebe que o uso condigno e confiante da Mediunidade, tem valia em algo de bem e de bom para alguém. Todo o Ser é um iniciado em potencial, ignorando de início o Modus Operanti, utilizando-se do seu Livre Arbítrio, estudando o fenómeno, progredirá de acordo com a intensidade de suas qualidades essenciais.

Por esta razão, nem todos os médiuns têm progresso idêntico. Ser médium é em síntese, ser um pesquisador constante, que inicia por se conhecer a si próprio, descobrindo e equilibrando suas forças positivas e negativas, para depois então, e só então, partir para o estudo do Universo que o rodeia.

Fonte: Terreiro de umbanda Pai Oxalá e Mãe Iemanjá

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mediunidade mal orientada!


Os perigos e conseqüências da mediunidade mal orientada.

A falta de doutrina e de comprometimento que existe, em muitas casas
espiritualistas, coloca em risco a saúde física e psicológica dos
médiuns.
Para se ter idéia, há casas que iniciam qualquer pessoa que tenha
vontade em trabalhos de desenvolvimento mediúnico de incorporação.

E as pessoas que começam a frequentar os trabalhos, por não terem a
menor noção do que é certo ou errado, se submetem.
Na verdade, existem casos em que a mediunidade de incorporação nunca
vai se manifestar porque o médium deverá desenvolver outras formas de
mediunidade.

Consequentemente, tentando fazer incorporar quem não deve, surgem
atrapalhações de toda ordem.

A mediunidade deve ser desenvolvida de forma progressiva e
individualizada, e o bom desenvolvimento do corpo mediúnico depende
muito da firmeza e da competência do chefe encarnado do grupo e do
espírito dirigente dos trabalhos.
Mediunidade é uma atividade psíquica séria, e a ela só devem se
dedicar pessoas que se disponham a ter conduta religiosa, ou seja,
uma moral sadia e hábitos disciplinados.

A mediunidade, assim como todos os dons, possui dois lados. Se, por um lado, é fonte de abençoadas alegrias; por outro, pode ser também de profundas decepções. Mas isso nunca deve ser motivo para que alguém desista de desenvolver a sua mediunidade, de cumprir a sua missão, pois ela é simples e gratificante na vida das pessoas que a abraçam como missão de serviço nas legiões do Grande Pai .

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

CARACTERÍSTICAS DAS ENTIDADES



Para conhecimento geral vamos descrever as características que as entidades apresentam quando da incorporação. Estas características não são fixas, pois cada entidade tem as suas particularidades. Contudo, de um modo geral, é o que vemos nos Terreiros de UMBANDA.

Para melhor estudo do assunto dividiremos as entidades em dois grupos:

a. Os Orixás

- OXALÁ: Na UMBANDA não ocorre a incorporação de OXALÁ.

- OGUN: os falangeiros de OGUN quando incorporam emitem um pequeno brado (uuuu) e movem os braços simulando o movimento de uma espada. Alguns deles quando incorporam, o fazem de pé, outros, ajoelhados.

- XANGÔ: os falangeiros de XANGÔ quando incorporam emitem um brado gutural prolongado (Rulll!!!) e simulam chocar pedras ao peito, batendo com a mão fechada no mesmo. Alguns incorporam de pé, outros ajoelhados.

- OMULU/OBALUAIE : os falangeiros de OMULU/OBALUAIE são muito temidos, sem razão aparente, pelos umbandistas. A incorporação destas entidades geralmente é deitada, algumas vezes de joelhos, sendo prática corrente cobri-los com um pano branco. Não emitem nenhum som, ou então apenas sons guturais, e se movimentam muito pouco.

- OXÓSSI: a incorporação dos falangeiros de OXÓSIS fica por conta dos "Caboclos". Falaremos deles na parte dedicada as outras entidades.

- Óxun: as entidades falangeiras de Óxun, geralmente femininas (há também entidades masculinas, mas são raras), incorporam com uma particularidade interessante: muitas vezes vêm chorando.

Incorporam de pé e movimentam as mãos com as palmas para cima, a altura da cintura. Emitem um choro sentido e prolongado. Gostam de trabalhar com copos d'água nas mãos, com o que "descarregam" o ambiente.

- IANSAN: as entidades falangeiras de IANSAN são, geralmente, femininas (também há entidades masculinas). Incorporam de pé, movimentando a mão direita aberta, a altura dos ombros e mantém a esquerda segurando a ponta da saia. Emitem um brado vibrante, que se assemelha a sua saudação: Reiii !

- YEMANJÁ: as entidades falangeiras de YEMANJÁ, ao incorporarem emitem um canto prolongado e movimentas as mãos, com as palmas para baixo, simulando as ondas do mar. Incorporam de pé a maioria das vezes, porém algumas o fazem de joelhos e até deitadas.

- NANÃ BURUQUE: a incorporação de entidades falangeiras de NANÃ BURUQUE é muito rara. Quando o fazem, geralmente apresentam o aspecto de alguém de idade avançada, que anda curvado ao peso dos anos. Incorporam de joelhos e raramente emitem sons.

- IBEIJADAS ou ERES: a incorporação das IBEIJADAS é marcada pela alegria que essas entidades demonstram, organizando brincadeiras e fazendo graças aos presentes. Incorporam geralmente aos pulos, batendo palmas e falando como crianças. Ha algumas destas entidades que incorporam sentadas e chorando muito, sendo, por isso, alvo de brincadeiras por parte das outras "crianças".

b. Outras entidades

Do vasto Panteão Umbandista retiramos três tipos de entidades que são bastante comuns nos Terreiros de UMBANDA: os Caboclos, os Pretos-Velhos e os Exus.

- OS CABOCLOS: são os substitutos umbandistas do Orixá OXÓSI.

Considerados como falangeiros de OXÓSI, os Caboclos da UMBANDA fazem o papel de conselheiros, desobsessores e até curandeiros, ensinando aos adeptos o uso desta ou daquela erva, para este ou aquele fim.

Os caboclos se dividem em dois tipos: Caboclos da Mata e Caboclos Boiadeiros. Cada um desses grupos apresenta características próprias. Enquanto os Caboclos da Mata chegam bradando forte, os Caboclos Boiadeiros chegam "tangendo gado" e "rodando laço".

1) Os Caboclos da Mata

Apresentam características e denominações ameríndias, em particular do Brasil, mas, vez por outra, aparecendo caboclos de outras terras.

Também chamados "Caboclos de Penas", são uma caracterização ameríndia da UMBANDA.

Incorporam a maioria das vezes de joelhos, mantendo um dos pés a frente, simulando atirar flechas. Assobiam e emitem brados prolongados: Quiooo !

2) Os Caboclos Boiadeiros

Caracterizam-se por atitudes e gestos ligados aos sertanejos do Nordeste brasileiro. Estas entidades são uma expressão puramente brasileira, pois não se encontram "boiadeiros" estrangeiros nesta Falange, como no caso dos Caboclos de Penas.

Incorporam quase sempre de pé, simulando laçar e tocar boiadas. São muito alegres, gostando de toques rápidos nos atabaques. Emitem um brado prolongado semelhante a um aboio (23): Ei aaa !

- OS PRETOS VELHOS: a Falange dos Pretos-Velhos compõe a chamada "Linha das Almas", Linha esta ligada ao Orixá OMULU/OBALUAIE.

Uma das características interessantes desta Falange espiritual e a sua apresentação como velhos de origem africana, ex-escravos, pertencentes as muitas tribos ou nações que vieram para o Brasil, dai encontrarmos muitos deles com nomes tais como: Pai Joaquim D'Angola, Vovó Cambinda e Tia Maria Conga (do Congo).

Encontramos também, com muita frequência, denominações tais como: Tia Chica D'Aruanda, Vovó Luiza da Bahia e Pai Tome do Cruzeiro.

Os componentes da Falange de Pretos-Velhos caracterizam-se pela bondade e resignação com que tratam os adeptos que os procuram para uma consulta.

Como que fazendo jus ao seu nome (Pretos-Velhos), estas entidades incorporam de joelhos, aparentando pessoas de idade avançada. Falam bastante, a maioria das vezes engrolado. Fumam cachimbos ou cigarros de palha. São benevolentes e tratam a todos com amor e carinho, procurando sempre um lenitivo para as aflições dos que os procuram.